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34º Encontro - Tratamento da Informação:

iniciando os estudos

Data: 30/03/2016

Participantes: Graça, Dora, Diego, Daniel, Tamires, Lais, Alessandra, Karina e Cibele.

 

            No dia 30 de março de 2016, começamos a trabalhar a temática estatística focando na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. O texto da Celi Lopes foi indicado pela Alessandra e deu base para as discussões de nosso encontro. A Dora iniciou comentando sobre a polêmica de um gráfico que apareceu na Globo News sobre a inflação no Brasil, tal gráfico estava totalmente desproporcional, 6,5% estava menor que 5,9%, esse erro grosseiro faz com que uma pessoa menos atenta se engane diante dos dados. Logo, a estatística é um dado poderoso que pode influenciar as pessoas.

            Dialogamos sobre a atenção que devemos ter para não sermos manipulados pela mídia, pois se caso ela erre o retratamento que ela faz é minúsculo. Lembramos do caso do casal de donos de escola que foram acusados de molestar crianças, esse caso repercutiu, mas quando constatou-se que o fato não ocorreu a nota de retratação da mídia foi rápida e em um único horário.

            Retomando, a estatística é um recurso que de uma maneira bem sintética comunica um grande número de informações. O livro que abordamos era da Celi Lopes, publicado em 2003, denominado “Encontro das crianças com o acaso, as possibilidades, os gráficos e as tabelas: desvendando mistérios na educação infantil”. Esse livro foi originário do trabalho de doutorado da Celi, para o qual ela formou um grupo de estudos de professores da Escola Comunitária de Campinas. Na reunião, concluímos que a probabilidade é indissociável da estatística, citamos casos cotidianos que envolvem a probabilidade e a estatística como o conceito de clima que é puramente estatístico e a previsão das eleições, que com sua margem de erro, dificilmente não dá certo. Mas a estatística deve ser utilizada com cuidado, pois pode comprovar qualquer coisa que se queira comprovar dependendo das comparações que se faz.

            O livro da Celi Lopes trás relatos de experiências de professores. O primeiro relato foi escrito pela Maria Cecilia Gracioli Andrade, com o título: “A educação na infância através dos projetos integrados”. O relato inicia explicando que uma área não é mais importante que outras. Devemos sempre valorizar as curiosidades das crianças e o que ela trás de informações, dúvidas e interesses. Se o educador muda de ideia referente a sua didática, faz a criança pensar diferente e seu modo de agir também será diferente. O tratamento de informações consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997, assim na educação infantil uma tomada de decisão como qual o nome da turma ou qual brincadeira fazer já envolve uma estatística, ao organizar tudo fica mais claro.

            O segundo relato “Crianças, máscaras, eleições municipais e gráficos... tudo  a ver?” foi escrito pela professora Raquel. Esse trabalho foi iniciado com o tema Folclore e as crianças começaram, com o intermédio da professora, a discutir qual máscara de personagens do folclore escolher para fazer. Então, ocorreu uma eleição dos personagens, eleições já era um assunto do cotidiano dos alunos e significativo a eles, um deles até tinha o pai que era candidato na eleição daquele ano, logo tudo já estava inserido na realidade dos alunos.

            A eleição dos personagens demanda tempo, houve 20 escolhas de personagens diferentes, pode-se perder tempo ou fazer um replanejamento contínuo para que haja um melhor aprendizado no tempo determinado. Assim, ficaram 5 candidatos finais, com desenhos para simbolizar e ajudar a votar sozinhos na urna e fazer uma leitura independente das cédulas. Posteriormente, foi feito um gráfico com nome dos candidatos e o numeral a esquerda na contagem de votos, as crianças concluíram que o mais alto ganhou. Nota-se que primeiro as crianças adquirem a noção de tamanho para depois a de número.

            Durante o segundo relato a Cibele comentou que normalmente as famílias não acreditam que é possível trabalhar com gráficos na educação infantil e se impressionam ao ver trabalhos diferenciados.

            O terceiro relato é o “Folclore, matemática e quitutes.” escrito pela professora Maria Aparecida Kosbiau. Esse relato tem seu foco na personagem “Vovó Dita de Chico Bento”, que tinha um delicioso livro de receitas. Assim, as crianças selecionaram três receitas de doces e três receitas de comidas salgadas para provar, aguçando os sentidos. As receitas eleitas foram banana frita, doce de leite e arroz doce e das receitas salgadas foram mandioca frita, farofa e pão de queijo.

            Com base nesse relato, discutimos que o gráfico de setor sempre deve ser associado a 100%. E o gráfico de barras possibilita votar em mais de uma opção. Já o gráfico de setor deve ter relação com a porcentagem.

            No final do terceiro relato a professora conclui que “Receitas tão boas devem ser feitas” certamente ela não se referia apenas à comida, mas sim à prática pedagógica.

            Retomando ao gráfico equivocado da Globo News, tudo ficaria melhor ilustrado com um gráfico de segmentos ou um gráfico de linhas. O gráfico de segmentos não precisa ser feito sobre coisas estáticas, o que ele demonstra é a variedade. Assim, o gráfico apresentado pela mídia ficaria mais verdadeiro feito de tal forma. Cibele sugeriu que podemos fazer na educação infantil um gráfico de segmentos para marcar a presença e a variação da quantidade dos alunos que estão presentes na escola em dias de chuva por exemplo.

            O quarto relato é “Adivinha quem vem para ficar?”, escrito pela professora Gisela. Esse relato refere-se ao projeto “animais” e leva os alunos a pensar nas possibilidades e impossibilidades ao refletir qual animal é possível criar em nossa escola e qual animal é impossível criar. Desenvolveu-se a argumentação, desenho, oralidade e escrita em sala com os alunos, é muito interessante ver que eles falam e saem da oralidade para também passar no papel.  As crianças pequenas pensam também em possibilidades impossíveis como criar um boi na sala de aula e questionam até compreender que a ideia não é possível.

            Gislaine se lembra de uma historinha que também trabalha as possibilidades. A história “Um tanto perdida” fala de uma corujinha que dorme com a mãe e cai da árvore e se perde, tendo que dar referências e explicar para o esquilo como é sua mãe. Por exemplo, em um momento a corujinha avisa o esquilo que sua mãe tem orelhas grandes e o esquilo acha que é o coelho. Assim, a corujinha precisou explicar bem até achar a mamãe. No fim, a corujinha cai de novo da árvore. As crianças buscam possibilidades para não deixá-la cair mais, como colar, colocar no ninho, por a mãe abraçada e etc.

            Tatiane comentou que sempre podemos criar propostas para colocar as crianças para refletirem sobre questões matemáticas como no exemplo da compra de “pães quentes e cenouras frias” como não esfriar os pães até chegar em casa, induz as crianças criarem possibilidades para resolver a situação problema.

            O quinto relato é “De olho na mamãe!”, onde se analisava na história as características da mamãe. Esse trabalho realizou uma eleição para escolher uma forma de registro sobre a cor dos olhos da mamãe. Durante essa atividade, foi realizada coleta de dados, tabulação dos dados, representação gráfica, interpretação e análise. Primeiramente, fizeram a tabela para depois transferirem para um gráfico. No grupo, nós discutimos as cores dos gráficos e a necessidade de sempre nomear os gráficos. Na discussão coletiva conseguimos refletir e aprimorar as ideias da atividade.

            O sexto relato é sobre lição de casa com crianças de 6 a 7 anos e toda problemática que essa atividade envolve. A leitura matemática não é apenas para decifrar signos, mas para expressar o que cada um compreende do mundo. Os principais problemas da lição de casa é que ela geralmente não era feita, esquecia-se em casa ou até mesmo nem queriam levar para casa para não precisar fazê-la. Normalmente esses problemas sempre ocorrem em qualquer escola. Assim, através dos questionamentos: “Quantos somos; Quantos trouxeram a lição de volta”, foi possível trabalhar estatisticamente com essa problemática. Essa foi uma forma diferenciada de trabalhar o problema e com isso as crianças foram se conscientizando da importância de trazer as tarefas de casa.

            Eu Alessandra, infelizmente não pude estar presente neste encontro por questões de saúde, entretanto imagino que as discussões tenham sido muito ricas.  As discussões sobre o texto estudado que aborda as experiências de professores com as crianças devem ter sido ótimas, porque permite observar as possibilidades de trabalho com a estatística e a probabilidade, penso que os professores do nosso grupo também poderão realizar atividades muito ricas e interessantes com as crianças para compartilhar no grupo.

            Por fim, o mais interessante desse texto organizado pela Celi Lopes é que essa produção foi feita por professores como nós e aproxima bem a teoria e realidade.

*Este relato foi direcionado pela professora Tamires.

Referência:

 

LOPES, Celi.  Encontro das crianças com o acaso, as possibilidades, os gráficos e as tabelas. Campinas: FE/UNICAMP, 2003. (Coleção Desvendando mistérios na Educação Infantil, v. 2). 

 

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